A blogger genuína Catirolas num comentário que publicou aqui há atrasado dizia, a propósito de uma análise mais ou menos estrambólica que publiquei sobre o futebol, que “não sabia porque é que não me convidavam para comentador desportivo”. Na altura agradeci e hei-de agradecer sempre, mas respondi que “nunca o poderia ser”.
Eu nunca poderei ser comentador desportivo porque adoro o que faço já há alguns anos e porque o mercado de comentaristas está saturado de ex-jogadores de bola que não são treinadores, ex-jogadores de bola que são treinadores, ex-jornalistas desportivos de jornais diários, advogados, presidentes de câmara, realizadores de cinema, treinadores e ex-treinadores e mais não sei quem, desde que goste de futebol e seja relativamente conhecido.
Por outro lado para ser comentarista desportivo são necessárias outras aptidões que não domino como desenhar segmentos de recta e círculos que se entrecruzam em painéis interactivos com a forma de um campo da bola ou em computadores com ecrã táctil. Ah! E também porque não sei bem o significado da expressão, "No enfiamento da jogada".
Eu pensava que esta era uma das poucas expressões que não entendia até aparecer o Luís Freitas Lobo. Eu não sei o que já se disse sobre este cavalheiro mas de certeza que ainda não foi dito o suficiente. Digamos que se ele reúne todas as qualidades de um Descartes, de um Camões, de um Kant ou de um Bocage na figura de comentador desportivo. Ele é expressão máxima da erudição tão reclamada para o futebol, até aqui reservado aos “incultos”.
Devo desde já dizer que só comecei a ouvir o Luís F. Lobo, e os seus comentários no Mundial, quando finalmente filtraram o som das vuvuzelas e pude desfrutar de tudo o que foi dito. Comecei até a ver os jogos de uma forma mais divertida.
Quem tiver gravado o jogo Chile-Brasil vai ouvir estas afirmações do comentador que o país vai consagrar e que, pelo que apurei, já foram premiadas ao mais alto nível, e classificadas como… pândegas:
Suazo não parece esteticamente um jogador rápido mas desequilibra.
Prémio patrocinado pelas tintas Tartaruga da Robbialac
Boa defesa (guarda redes do Chile) isto pode levantar a equipa neste início de jogo.
Prémio entregue pela “União Ilusionistas Levitadores”
Suazo é um jogador que adivinha onde a bola vai cair.
Prémio pela “Academia de Videntes Africanos” a residir em Portugal
Isla é um jogador um pouco híbrido e actua pela direita.
Prémio patrocinado pelo programa Governamental para Energias Alternativas
A bola entra em Ramires e acelera.
A bola entra em Danny Alves e acelera.
Para estas duas não deve haver prémio…até porque deve doer…
Marcação mista mas desorganizada.
Prémio “Afinal não é bem mista é outra coisa qualquer”
Chile é uma equipa que não sabe perder a bola e quando perde fica descompensada. È preciso saber perder a bola e o Chile não sabe perder a bola.
Prémio entregue pelo “Associação Portuguesa de Psicólogos e Psiquiatras”
O Chile joga agarrado às suas convicções e isso é importante para uma equipa.
Prémio patrocinado pela “Associação dos Narcóticos Anónimos”
O treinador do Chile sente o jogo a fugir-lhe.
Prémio “Sei lá o que é que hei-de dizer desta figura de estilo”…
Káká tinha um corredor para entrar, entrar para dentro, e com hipótese de puxar para dentro.
Prémio da “Associação Portuguesa Contra a Extinção dos Pleonasmos”
Káká é um jogador que lê os espaços vazios e coloca-se neles de uma forma notável.
Prémio “Ler+ do Plano Nacional Brasileiro de Leitura”
O Chile tem jogadores muito engraçados…. Muito atraentes ofensivamente.
Prémio da “Federação Internacional de Gays, Lésbicas e Transgénero” I.
Olhar tresloucado do treinador do Chile. (isto por acaso foi o narrador do jogo que disse)
Prémio da “Liga Nacional de Exorcistas”
O Juarez esteticamente não é muito elegante mas estica a perna.
Prémio da “Federação Internacional de Gays, Lésbicas e Transgénero” II.
Equipa respira melhor num 4x4x2.
Prémio Breathe Rigth da Glaxo (aqueles do penso para o nariz)
Como vêm como há por aí gente com muito mais capacidade do que eu para fazer estas figuras…
Convido desde já para um dia destes, visitarem esta chafarica onde colocarei os comentários ao Alemanha-Argentina…proferidos por este Jacques Rousseau dos comentaristas.
Com comentários destes, não há necessidade dos Monty Python. Muito bem, companheiro. Vou ser leitor assíduo do teu cantinho.
ResponderEliminarUm abraço,
Fernando Vaqueiro.
Hummm, novo look do blog. Simples, suave, como uma brisa fresca numa manhã quente de verão! Agora a sério, se precisares de ajuda...
ResponderEliminarObrigado a ambos! Isto é uma espécie de terapia, ocupacional para o outro eu que é descontroladamente ávido de assuntos perfeitamente tolos, que batem forte e que me divertem...
ResponderEliminaraquerido esse comentário se tivesse a expressão "pressão organizativa alta" e "marcação mista" diria que era um plágio de um comentário qualquer do Luis F. Lobo
Abraços!
Muito bom... :) De facto o Luís Freitas Lobo é só bazófia. Bazófia erudita, mas bazófia... Para isso tinham deixado o Gabriel Alves lá estar. De vez em quando juntava a comentários deste género uma ou outra interjeiçãozinha de encantar.
ResponderEliminarAbraço;
Edu
ah! Muito bom! Ainda assim,acho que podias tentar :)
ResponderEliminarRealmente e vendo as "comentadorices" por essa perspectiva é melhor continuares a ser quem és, genuíno.
ResponderEliminarBjs Catarina